JACULATÓRIA DO BÓIA-FRIA
(JRB)*
A cana
Nana
A grana
Do bacana.
Ao povo
E ao seu renovo,
Um ovo
De novo.
O verd’esperança
Da abastança,
E pra criança,
Só o cabo seco da lança.
Mas os servos da fuligem
Num dia de caligem
Inda vingarão a vertigem
Do sangue vertido, na origem!
A exploração,
A exprobração,
Fazem a aberração
Do que já virou padrão.
Mas haverá o dia
Do fim dess’agonia:
O bacana, por su’abarcia
Devorado ao meio-dia.
Pela má boca da grana
Que sempre lh'engana,
De ao final dessa faina
Bóia-fria sofrer n’alvitana.
Sob um lindo sol, do de glória
Inda s’ouvirá a canção da vitória:
Bóia-fria recebendo justa dedicatória,
Em acordes d'uma vera jaculatória!
*Autor: José Roberto Balestra (ago/2010)
Imagens:
1 - by nelson veiga;
2 - by daniella rosário
BALESTRA.
ResponderExcluirPoema profundo, Balestra.
Revelador d’uma faceta humana.
Uma trilha, entre tantas, que nos deixam muitas indagações e indignações.
Mas essas reflexões que nos escapam ao entendimento das razões de ser, são trilhas, verdadeiras picadas no mato da vida surpreendente que levam o homem a algum destino, não o da matéria, visível aos nossos olhos, mas d’Aquele que escreve certo por linhas tortas. Todos nós estamos em trilhas, olhando uns para os outros, exercitando o chamamento da fraternidade. Provavelmente, um dia, seremos plenos, de corpo e alma.
“Mas os servos da fuligem
Num dia de caligem
Inda vingarão a vertigem
Do sangue vertido, na origem!”
Belo poema, captado pela sensibilidade de olhar o mundo. Parabéns!
Um abraço.
Vida dura, triste sina!
ResponderExcluirrealidade campesina!
Nossa, Balestra! Que lindo!
ResponderExcluirTeu presente está aqui em casa. É DVD do Chico Cesar e tem a música MOER a CANA dói!