“QUANDO AS SOMBRAS AMEAÇAM O CAMINHO, A LUZ É MAIS PRECIOSA E MAIS PURA."

(Espírito Emmanuel, in "Paulo e Estêvão", romance por ele ditado a Chico Xavier)

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terça-feira, 2 de novembro de 2010

OS FATOS VIVEM NA ARTE

“...A situação é grave, meus Senhores! Nosso País está dividido entre dois extremismos.

A meu ver e salvo melhor juízo, um deles é mais perigoso, de modo que, apesar do conhecido equilíbrio das minhas posições, chego quase a dar razão aos que se ergueram em defesa de Deus, da Pátria e da Família. Mas, de qualquer modo, o fato é que os dois são, entre si, adversários implacáveis, assim como, para nós, inimigos irreconciliáveis das nossas instituições.

O que sucedeu hoje, aqui, é, portanto, muito claro. Quem quiser formar sobre os acontecimentos de hoje uma idéia segura, basta verificar de que lado ficou, logo, a ralé, esse Povo indisciplinado, mal-educado e analfabeto que é a mancha vergonhosa da face do nosso Brasil. Na Inglaterra ou nos Estados Unidos, um fato desses não aconteceria!

Pergunto: de que lado ficou esse Povo, ignorante, fanático e miserável? Do lado daqueles que invadiram nossa Vila nas caladas da noite! Logo, estes, e não os outros, é que são os revolucionários, e seus adversários devem receber todo nosso apoio!

Ouçam meu brado de alerta! Sim, porque o pior aqui, hoje, é a cegueira daqueles que, entre nós, deveriam ser as colunas, os sustentáculos da sociedade! Ninguém quer ver o perigo! A continuarmos assim, quando cuidarmos, estaremos com o inimigo dentro de nossas muralhas, com os cidadãos mais conspícuos da Pátria sendo fuzilados!


Certamente acham que eu exagero!...”



- fala, a propósito, sempre atualíssima do personagem “Corregedor Basílio Monteiro”, segundo o narrador “Dom Pedro Dinis Ferreira Quaderna”, este o auto-proclamado “Rei do Quinto Império e do Quinto Naipe, Profeta da Igreja Católico-Sertaneja e pretendente ao trono do Império do Brasil”. Ambos são criações do escritor paraibano e membro da Academia Brasileira de Letras, ARIANO SUASSUNA, em sua obra “Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta”, por ele definido com absoluta originalidade como um “romance armorial popular brasileiro”, no qual se veem dois gêneros opostos de discurso, o popular e o erudito. O romance fora iniciado por Ariano em 19.07.1958 e concluído em 09.10.1970, ano de sua publicação pela Livraria José Olympio Editora S.A.

by: Edit. Círculo do Livro, edição integral, sob licença da Livraria José Olympio Editora S.A. – Rio de Janeiro, 1988, p. 448.