“QUANDO AS SOMBRAS AMEAÇAM O CAMINHO, A LUZ É MAIS PRECIOSA E MAIS PURA."

(Espírito Emmanuel, in "Paulo e Estêvão", romance por ele ditado a Chico Xavier)

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segunda-feira, 19 de julho de 2010

QUANDO NOS VEM O NÓ D'UM ADEUS




ADEUS...



Nó na garganta.

Em qualquer lugar do mundo, a garganta humana denuncia quando uma pessoa está triste.
Se tirarmos um doce de uma criança, num instante veremos o olhar de indignação, seguidos de soluços e lágrimas nos olhos.
É uma maneira de demonstrar a violência sofrida.
Seja criança ou adulto.
Vi um senhor ficar triste, na roça, só porque alguém insinuou que o bode dele estava ficando velho. Sentiu-se subestimado, e logo se esboçou o nó.
Sofremos, sempre que nos tiram alguma coisa.
Meus pais se mudaram da roça quando eu era criança. Foi como se tirassem a roça de mim.
Lembro-me da viagem.
Saímos de lá, transportados por um carro de bois, até a estação de trem mais próxima.
Sem dúvida, minha garganta, por várias vezes, durante o trajeto, deu ensejo ao nó.
Na medida em que nos afastávamos das pessoas e das coisas queridas, íamos dando Adeus, acenando com as mãos, como se fosse uma despedida para sempre.
Que sensação mais estranha.
Tudo o que conhecera até aquela época era a roça. Eram as matas, os córregos, os riachos, as aves, os pássaros, os bois, as vacas, cabritos, cães... , as pessoas que amávamos.
Tirando o sol, a lua, as estrelas, tudo seria diferente dali para frente.
Era o Adeus para seguir um caminho desconhecido e ver algo diferente.
Só conhecia as coisas das cidades pelas gravuras dos livros.
Conheceria outro mundo, de maneira chocante, por causa da mudança radical, mas cheia de novas perspectivas, dado o jeito receptivo na grande cidade de São Paulo.
Mas, os “nós” me apareceram várias vezes durante muitos anos, porque
é difícil vencer a saudade.

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Texto e desenho: by Evaldo de Paula Moreira
Contos de Amor
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Comentário d'A BALESTRA:

Pelo blog do Poeta divinopolitano LÁZARO BARRETO descobri EVALDO, um desenhist'escritor, ...minêro dos bão!

Um achado! Em primeira visita ao seu blog dia desses, já m’encantei!

M’encantei com as cores vivas dos seus desenhos em moderno estilo, lindamente despojados, ilustrando contos e crônicas carregados d’tanta humanidade e transcendência, reveladamente escritas com as tintas do coração de quem também consegue ainda ver flores no asfalto (como certa vez dissera meu blogamigo e grande cronista radicado em Maringá,
WILAME PRADO), com muita sabedoria crítica e simplicidade, coisa difícil de s’fazer.

Sempre falei: escrever complicado é fácil; o simples é que é difícil! Pra poucos. Evaldo um deles, com certeza!

A prova está aí: esse seu comovente “ADEUS”.

3 comentários:

  1. Minha nossa!
    O “nó” me pegou novamente.
    Mas, é de alegria, porque, mais do que elogio, ganhei um amigo.
    É bom lembrar que: observamos aos outros, aquilo que somos.
    -sem Adeus-

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  2. Olá, Sr. José Roberto!

    Primeiro é um prazer poder falar com quem viveu a realidade um tempo de agruras e desafios para o estado e para o país. Por segundo, eu peço desculpas por não colocar no nome do senhor na foto, uma vez que não estava disponível onde encontrei.

    Eu sou paraense da capital e tenho, inclusive, familiares no noroeste do Paraná. Gosto muito de ouvir histórias da Amazônia de antes. De um tempo para cá, me empenhei em conhecer melhor a região: viajei para Macapá e interiores, Manaus e interiores, enfim.

    As minhas origens maternas são da região de Santarém e as paternas são da área de Rondônia, com uma escala do Rio. Em ambos lugares há muita história a ser contada: primeiro e segundo ciclo da borracha, Fordlândia, estrada de ferro Madeira-Mamoré...

    Da Transamazônica eu já não conheço muito, mas tive contato com algumas pessoas que viveram sua construção. Teria muito prazer em saber mais.

    Abraços,
    Alan

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