... ENTÃO?...
by JRB
Deveras difícil nos é, em certas
ocasiões, despachar bocafora um NÃO! árido,
daqueles na bucha e na lata!, n’é
mesmo?
Venha d’alguém que goze de nossa
amizade um pedido incomum afiançando contra nossa segurança material ou
espiritual. Seja d’amigo, conhecido ou conhecida superficial, é momento
tormentoso; embaraço de mosca presa em teia de aranha. Até mais, eu diria; instante
e lugar ao qual agradeceríamos chegarmos cinco minutos após...
E aí, já enfiados naquele beco escuro, no afã de safar-nos de içar o elefante às costas, nos transmudamos em acrobata verbal. No pólo oposto os olhos do suplicante contam-nos a bamba corda em que se vê.
Sendo porém hipótese e caso d’alguém inocente se ver tachado culpado d’alguma
infração, é comum nesse acossamento o dito sacar - como duelo em faroeste
americano - um NÃO adormecido no coldre
das próprias entranhas e, em seguida, verberar o ponto de mira com olhos de
águia e argumento ruiano.
Na vida da humanidade o “NÃO” já foi agente
de paz, de guerra, de perseguição, absolvições, separações e reatamentos e,
sobretudo de fim em muitas amizades.
Tenho dado reparo à engenhosidade d’algumas pessoas quando precisam expressar
negação, inda que a simples convite; propenso a aceitá-lo, o convidado, se
polido - lapuz não se ocupa de cortesias. -, diante de premência anterior,
atrela-se velozmente à afabilidade, e aí lança a novel palavrinha mágica de fina
autodefesa:
–Então?...
Ato
contínuo o bem formado espreme uma mão na outra, lavando-as a seco, coça no
rosto uma comichão imaginária, e arremata o disfarce com um alinhar de cabelos entrededos;
entretempo bastante para o exame das recíprocas expressões faciais. Confirmada
a favorável, a explicação
que de hábito se segue ao mago vocábulo apenas marca o tom, o tempo e o
compasso musical para afofar o momento.
Assim, qual ginasta contorcionista, o convidado ou o solicitado, antes aflito como
água sobre cabrito, vai passando ileso ao largo do adverbiozinho incomodativo -
o NÃO! -, e sua spiritual peace volta a lhe governar, plena como um saco repleno de
penas.
Ao final, confirmados venerados os
apreços pessoais, ambos se vão serenamente, imaginando:
- ¿Como seria a vida do SIM sem o NÃO? ... ENTÃO?...
--- 0 ---
Imagem by web
Interessante. O não pode ser a palavra mais importante para a nossa educação. Já pensou o que seria um adulto a quem em criança nunca fosse dito um não? O não é que vai moldando no nosso espirito a noção do bem e do mal e nos vai ensinando que há regras e limites.
ResponderExcluirUm abraço e bom fim de semana
Obrigado, Elvira, pelo carinho do comentário. Que a semana iniciada lhe seja profícua também. abs
Excluir