O Creador e Seu Limoeiro
Sempre que me deparo com um pé de fruta, meus olhos logo buscam o botão d’alguma florzinha desabrochando ali, d'outra acolá. ¿Estaria eu querendo desvendar o instante mágico da divina criação, o seu fazendo próprio? Sei não. Mas pode até ser; a natureza me extasia com seus espetáculos silenciosos e variados.
Há uns sete ou oito anos plantei em meu quintal uma muda de limão-tahiti. À época substituía o outro que me alegrara por exatos dezoito anos, produzindo contínuo como um fio d’água de nascente riachável; deixou-me um doce amor pelos ácidos taitis.
Pela manhã, quando vou ao varal do quintal estender minha toalha, sou invadido pelo verde intenso e soberbo do limoeiro, e a pardalada lhe saltitando nos galhos ou cantando o coralzinho próprio deles. Às vezes uma intrigada pombinha tenta interromper-lhes o coro, mas eles são deliciosamente teimosos; mudam de galho, e perseveram o canto.
Da varanda, pelo decorrer do ano assisto às suas fases: pontinhos claros na ponta dos galhos denunciam movimento novo entre aquele verdume potente e folhoso. Receoso com fungos, vou checar. Alegro-me; é o ar da graça da inflorescência chegando em cachinhos.
Por um ou dois dias fico envolvido com a lufa-lufa diária e me esqueço do limoeiro. De repente olho, e a surpresa: a florada já está lá!, intensa, parecendo que alguém caprichosamente dependurou-lhes pipocas estouradas e sem sal, perfumadas! Vou me aproximando do pé e o vento se adianta e traz-me em ondas envolventes, aquele aroma divino, bom feito abraço de amor verdadeiro em dia de frio.
Mais uns dias e o espetáculo chega ao apogeu: os galhos se curvam pelas pencas de limões crescendo-crescendo. Aí é chegado o tempo de deliciar a mim e aos amigos, com a colheita de sacolas e mais sacolas de limões graúdos, desenhados, como se fora pintura viva enquadrada. É pura alegria!, de limonadas, de caipirinhas e sorrisos recebidos.
Em minha vida também há um outro limoeiro; o que o Creador outorgou-me desde pequeno cuidar-lhe. Esse foi Ele quem o plantou, não eu. Houve um tempo em que esse limoeiro prosperava direto, mais que hoje; muitos dos seus brotos num zás-trás floriam, e logo se viam tão belos frutos. A colheita com os amigos era sempre surpreendente. Vibrávamos!
Agora percorro esse limoeiro com os olhos da alma, e percebo que alguns brotos recentes que adubei com carinho, crendo que iriam crescer, não vingaram. Aí fico saudoso daquelas antigas colheitas; era mais fácil encontrar frutos viçosos. Relembrando-me, noto que alguns daqueles frutos que muito me apraziam, se Foram eternos. E o que mais me aflige; sem que eu percebesse suas Partidas.
É. Tenho de reconhecer: de fato o Creador tem sido MUITO BOM comigo; meus amigos se Vão, mas mesmo que eu não os veja Partindo, o perfume da abnegada amizade e das lições que aprendi com cada um deles permanece vivo e intenso em mim... Ao menos até o dia em que eu me junte a eles no Supremo Limoeiro.
Há uns sete ou oito anos plantei em meu quintal uma muda de limão-tahiti. À época substituía o outro que me alegrara por exatos dezoito anos, produzindo contínuo como um fio d’água de nascente riachável; deixou-me um doce amor pelos ácidos taitis.
Pela manhã, quando vou ao varal do quintal estender minha toalha, sou invadido pelo verde intenso e soberbo do limoeiro, e a pardalada lhe saltitando nos galhos ou cantando o coralzinho próprio deles. Às vezes uma intrigada pombinha tenta interromper-lhes o coro, mas eles são deliciosamente teimosos; mudam de galho, e perseveram o canto.
Da varanda, pelo decorrer do ano assisto às suas fases: pontinhos claros na ponta dos galhos denunciam movimento novo entre aquele verdume potente e folhoso. Receoso com fungos, vou checar. Alegro-me; é o ar da graça da inflorescência chegando em cachinhos.
Por um ou dois dias fico envolvido com a lufa-lufa diária e me esqueço do limoeiro. De repente olho, e a surpresa: a florada já está lá!, intensa, parecendo que alguém caprichosamente dependurou-lhes pipocas estouradas e sem sal, perfumadas! Vou me aproximando do pé e o vento se adianta e traz-me em ondas envolventes, aquele aroma divino, bom feito abraço de amor verdadeiro em dia de frio.
Mais uns dias e o espetáculo chega ao apogeu: os galhos se curvam pelas pencas de limões crescendo-crescendo. Aí é chegado o tempo de deliciar a mim e aos amigos, com a colheita de sacolas e mais sacolas de limões graúdos, desenhados, como se fora pintura viva enquadrada. É pura alegria!, de limonadas, de caipirinhas e sorrisos recebidos.
Em minha vida também há um outro limoeiro; o que o Creador outorgou-me desde pequeno cuidar-lhe. Esse foi Ele quem o plantou, não eu. Houve um tempo em que esse limoeiro prosperava direto, mais que hoje; muitos dos seus brotos num zás-trás floriam, e logo se viam tão belos frutos. A colheita com os amigos era sempre surpreendente. Vibrávamos!
Agora percorro esse limoeiro com os olhos da alma, e percebo que alguns brotos recentes que adubei com carinho, crendo que iriam crescer, não vingaram. Aí fico saudoso daquelas antigas colheitas; era mais fácil encontrar frutos viçosos. Relembrando-me, noto que alguns daqueles frutos que muito me apraziam, se Foram eternos. E o que mais me aflige; sem que eu percebesse suas Partidas.
É. Tenho de reconhecer: de fato o Creador tem sido MUITO BOM comigo; meus amigos se Vão, mas mesmo que eu não os veja Partindo, o perfume da abnegada amizade e das lições que aprendi com cada um deles permanece vivo e intenso em mim... Ao menos até o dia em que eu me junte a eles no Supremo Limoeiro.
Perfeito! "Uma preciosidade ! Um grande abraço!
ResponderExcluirSer poeta é ser sensível demais
ResponderExcluirDar e receber o que a vida trás
Ter que absorver tristeza e rancor
Sonhar converter, transformar em flor
O Zé Roberto é um poeta amigo, e sensível!
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