É... Hoje o
último dia d’ 2011! E nem parece. Inda m’ lembro d’ com’estava meu espírito na
passagem d’ 2010 pra 2011, numa praia de São Francisco do Sul.
Olho meu
limoeiro tahiti; continua florindo e frutificando. Divino espetáculo o ano todo.

Ainda não fiquei
amigo do mouse no notebook; sigo agarrado ao outro, acessório. Se há ponte, pra quê rio a nado? Só s’ molha
quem não olha.
Ao meu
chamado pardais e pombas seguem vindo ao quintal d’ casa; os farelinhos e pães
esmigalhados que lhes dou dia alimentam meus olhos e minh’alma. É a paga pelas
sinfonias de cantos d’ paz que m’ entregam todos os dias do ano. Doamos-nos.
Os estampidos
dos rojões d’alegria humana da data incomodam ouvidos e corações da Guida e do
Bigode; contam comigo, eu sei! Se em mim tem “um deus”, eu os tenho por “anjos
calados” que m’ lembram meus pais, Don’Elvira
e Sontonho, as saudades, os seus gestos
nos chamados d’então.
Ontem à
noite reuni amigos mais próximos num “churrasco do Bolinha”; as piadas d’
sempre, muita risada, fotografias e as chacotas de praxe por mais este ano
juntos. Amigos podem ser poucos, mas quem não os tem costuma ficar rouco...
certas horas inglórias da vida.
2012 já
está dando o ar da graça. Que venh'então!
Em sua mala novos caminhos, esperanças, mudanças.
É democrático; traz isso pra todos. É
bom!
Noto que
todo ano novo é assim: discretamente justo; esparrama aos nossos olhos muita
alegria e sonhos, mas nós não resistimos ao impulso de autoentremearmos algumas
pedras, certos espinhos, nessa nossa mania de (des-)temperarmos a vida. Depois vem
as lições do quão vaidosos fomos, apesar da insignificância estampada no prata
dos espelhos, que nunca aprendemos.
Finzinho de
dezembro, e Caetano ainda canta no rádio sem-lenço-e-sem-documento. Tem razão o
poeta: Alegria, Alegria! Lenços são
pra lágrimas e documentos pra provar condição. Lágrimas são vozes d’alma, e os documentos d’ nada lhes
servem; o estado da alma é e não está.
O sol de
verão de hoje está encoberto. Por aqui nuvens choram sobre os verdes e os vivos,
para as sementes entrementes, das paisagens dormentes que acordam sempre, a
cada dia, pra noss’alegria.
Uma
pontinha de tristeza; m’lembro que um casal d’amigos estará indo embora daqui
para o litoral norte do estado de São Paulo; já nos despedimos no dia 17. Não
m’acostumo com despedidas, muito menos d’amigos...
É. 2011... 2012... Outro disco tocará na vitrola encantada da
vid’amanhã.
A ela vida só peço que no ano vindouro não me deixe esquecer de
sentir resignadamente as dores alheias enquanto sigo aprendendo a pensar abnegadamente
formas de estender-lhes minhas mãos, sem no entanto sem injusto com ninguém.
FELIZ
ANO NOVO,
E
PARA TODOS...
SAÚDE!
Imagem 1: by josé roberto balestra
Imagem 2: by web